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21 dezembro 2009

Correlações entre a base craniana e padrão facial em brasileiros leucodermas em normoclusão


8/10/2008

Autor/Fonte: Profa. Katia Regina Izola Simone *
Outros Autores: Prof. Dr. Claudio Costa **

INTRODUÇÃO Considerando-se que a base craniana é composta por estruturas que estabelecem sua deflexão e estabilidade precocemente, avaliou-se a possibilidade de usar o Ângulo da Base Craniana como parâmetro de comparação entre ângulos que expressam as dimensões faciais. MÉTODOS Foi aplicada a análise de correlação de Pearsons entre o Ângulo da Base Craniana, Ângulo do Eixo Facial, Ângulo Facial e da Dentição, através de radiografias cefalométricas de 47 jovens do sexo masculino e 53 jovens do sexo feminino, com idade média de 13 anos e 5 meses, leucodermas, com harmonia facial, oclusão normal e dentição permanente. RESULTADOS Aferimos que o Ângulo da Base Craniana, o Ângulo do Eixo Facial e Ângulo Facial apresentaram correlação direta e estatísticamente significante, enquanto que a correlação entre o Ângulo da Base Craniana e o Ângulo da Dentição apresentou-se inversa e estatísticamente significante. CONCLUSÕES Concluimos que o Ângulo da Base Craniana é um parâmetro confiável, podendo ser utilizado na avaliação do desenvolvimento facial normal do paciente infantil. INTRODUÇÃO A base craniana exerce um papel essencial no crescimento craniofacial, ajudando a integrar, espacial e funcionalmente diferentes padrões de crescimento em várias regiões vizinhas ao crânio, como os componentes do cérebro, os olhos, cavidade nasal, cavidade bucal e faringe.Arquitetonicamente, a base craniana proporciona a plataforma sobre a qual o cérebro cresce e a face se desenvolve; conecta o crânio com o resto do corpo se articulando com a coluna vertebral e mandíbula, provendo condução para todas as conexões nervosas e circulatórias entre o cérebro e a face e pescoço. Armazena e comunica os órgãos dos sentidos no crânio e forma o teto da nasofaringe. A afirmação de que a base craniana tem sua angulação estabelecida precocemente e apresenta estabilidade encontra suporte científico desde 1955 com Bjork , que afirmou que a linha sela-nasio e o contorno da fossa craniana anterior permaneciam constantes durante a adolescência, sendo portanto adequados como referência. Melsen ,em 1974 ,em um amplo estudo histológico de blocos de tecido da fossa craniana média de 126 cadáveres , com idade variando de 0 a 20 anos de idade e mortos subitamente ou depois de doença no maximo com 7 dias de duração , concluiu que a base craniana é uma estrutura constante durante o crescimento, estabilizando-se entre os 6 e 7 anos de idade.Enlow, em 1993 , afirmou que o assoalho craniano é a base sobre a qual a face é construída, e que o comprimento e largura de partes específicas do assoalho craniano são expressos em dimensões equivalentes da face. Henneberke e Prahl–Andersen,1994, afirmaram que os padrões de desenvolvimento normal devem ser conhecidos para servir como base de comparação e entendimento do crescimento de padrões anormais. Os valores aferidos do ângulo Nasio- Sela – Basio , representativo da base craniana variam de 128 a 131 graus , sendo que estas diferenças provavelmente se devem às diferentes medições (Stramrud,1959;Ricketts,1960;Pinto et al.,1983;Diwert et al.,1985;Dixon et al.,1997 e Cotrim-Ferreira,1999). A proposição deste trabalho é a de estudar as correlações entre o Ângulo da Base Craniana e Ângulos que expressam as dimensões verticais da face , ou seja , Ângulo do Eixo Facial, Ângulo Facial e Ângulo da Dentição em um grupo de jovens brasileiros , leucodermas , com oclusão normal , dentição permanente, não tratados ortodônticamente. MATERIAL E MÉTODO Foram usadas 100 terradiografias de jovens com idade média de 13 anos e 5 meses, sendo 47 do sexo feminino e 53 do sexo masculino. O traçado anatômico foi elaborado segundo Ricketts (1982,1989 ) , onde observamos os ângulos correspondentes e relacionados. Foram selecionados os seguintes ângulos: 1. Ângulo da Base Craniana, formado pelos pontos cefalométricos Basio-Sela –Nasio , 2. Ângulo do Eixo Facial, formado pelos pontos cefalométricos Pterigoídeo-Gnatio , 3. Ângulo Facial , representado pelos pontos cefalométricos Nasio-Protuberância Mentoniana –Vertigo , 4. Ângulo da Dentição,representado pelos pontos cefalométricos Espinha Nasal Anterior, Xi ( centro do ramo ascendente da mandibula ) e Protuberância Mentoniana. Para se avaliar se existiam dados extremos na amostragem estudada, foram construídas as distâncias de Mahalanobis com as 6 variáveis consideradas no estudo. O estudo da correlação entre as variáveis foi realizado através de gráficos de dispersão e do cálculo de coeficientes de correlação de Pearson e coeficientes de determinação. Os cálculos estatísticos e parte dos gráficos foram realizados utilizando o software estatístico JMP ( SAS Institute Inc.(1995) Statistics and Graphics Guide.Gary,North Carolina,USA ). RESULTADOS Ao teste de distâncias de Mahalanobis, nenhum indivíduo ultrapassou a fronteira crítica , não sendo necessário descartar nenhum desta verificação, significando que a amostra é uniforme. Na Tabela 1 encontram-se medidas resumo ( média , desvio padrão , mínimo e máximo ) das variáveis consideradas ( n =100 ).Na Figura 2 encontram-se as médias 2 desvios padrão das variáveis da Tabela 1 . Na Tabela 2 encontram-se os coeficientes de correlação r ( de Pearson ) entre as variáveis em estudo. DISCUSSÃO O interesse pelo tema desta pesquisa é principalmente o de constatar se, baseados nas correlações estudadas, podemos verificar a influência das características da base craniana no desenvolvimento das estruturas dentofaciais através do interrelacionamento do ângulo da Base Craniana com ângulo do Eixo Facial, ângulo Facial e da Dentição , bem como sua aplicação na ortodontia - ortopedia facial. Quanto à confiabilidade do ângulo Nasio.Sela.Basio , selecionado como parâmetro de comparação neste estudo , já em 1959, Stramrud declarava que o ângulo citado era constante desde a infância, sendo portanto adequado como referência, fato corroborado por Ricketts ( 1960 ), Melsen ( 1974 ) e Cotrim-Ferreira ( 1999 ). Anderson e Popovich ( 1989 ) comparando o ângulo da base craniana entre pacientes com normoclusão e má oclusão Classe I e outro grupo Classe II de Angle , afirmaram que os pacientes com Ângulo da Base Craniana mais abertos apresentavam o ângulo do ramo mandibular ( Condílio . Gônio ) e base posterior do crânio ( Sela. Condílio ) mais fechados. Já Wilhelm et al. ( 2001 ) depois de um estudo longitudinal de 14 anos de crescimento da base craniana e sua relação com as mas- oclusões de Classe I e II esqueletais, afirmaram que o padrão de crescimento da base craniana foi similar nos dois grupos estudados, não confirmando a premissa de que o ângulo da base craniana mais obtuso se relaciona com o padrão esqueletal de Classe II. Cotrim-Ferreira ( 1993, 1999 ) verificou que o ângulo da base craniana era maior nos pacientes braquifaciais, diminuindo nos mesofaciais e sendo menor ainda nos dólicofaciais . Kawashima et al. (2002),em 45 telerradiografias de crianças sem distúrbios respiratórios,estudaram as estruturas craniofaciais e concluíram que o tipo facial hipodivergente de Jarabak estava associado com a face larga, aumento da altura facial posterior, diminuição do ângulo entre o corpo e o ramo mandibular , diminuição da altura facial e menor ângulo da base craniana. Freitas e Coelho ( 1999 ) e Nanda ( 1990 ) não comprovaram correlação entre os tipos faciais e a base craniana. O valor médio do ângulo da Base Craniana resultante da análise do grupo abordado neste estudo foi de 129.25, com desvio padrão de 5.20 , sendo próximo dos valores aferidos por Stramrud ( 1955 ),Ricketts(1960 ), Pinto et al. ( 1983 ), Diewert ( 1985 ), Anton ( 1989 ), Ursi et al ( 1993 ). Os valores médios obtidos para os outros ângulos estudados foram : Ângulo do Eixo Facial – média de 89.56, com desvio padrão de 3.57 concordando com Ricketts( 1982 ) e Faltin Jr.( 1997 ) ; Ângulo Facial – média de 60.83, com desvio padrão de 3.58. Sugerido por Faltin Jr.( 1999 ) em substituição ao Ângulo Cone Facial de Ricketts ( 1982 ) , pela maior confiabilidade do ponto Pm ( protuberância mentoniana ). Ângulo da Dentição – média de 41.85, com desvio padrão de 3.36 , enquanto Ricketts ( 1982 ) aferiu 47o com desvio padrão de 4 o e Faltin Jr. ( 1997 ) aferiu 45o com desvio padrão de 3º . O ângulo da Base Craniana se correlaciona com o Ângulo do Eixo Facial diretamente ( 0.238, p<0.05>

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