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24 junho 2010

1ª JORNADA DE SAÚDE PÚBLICA DO SERIDÓ/RN

Caros colegas,


É com muita satisfação que nós, que fazemos parte da 1ª Turma de odontologia da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte - UERN, convidamos você para a 1ª JORNADA DE SAÚDE PÚBLICA DO SERIDÓ/RN - 1ªJSPS, que será realizado em Caicó/RN no período de 05 a 07 de agosto de 2010.

Programação Científica

Acesse Aqui



CATEGORIA

VALOR

Acadêmico de Graduação

R$ 10,00

Técnico e Auxiliares

R$ 15,00

Profissionais

R$ 30,00

MINI-CURSOS

R$ 10,00

1 - O pagamento deverá ser feito mediante DEPÓSITO IDENTIFICADO (Com o CPF do participante) ou TRANSFÊRENCIA em CONTA CORRENTE em nome de Hindiane Saiures Araújo de Medeiros (AGÊNCIA 0128-7 CONTA Nº 33132-5);

2 - A confirmação será realizado mediante extrato da conta e conferência com os dados recebidos através do site www.odontouern.xpg.com.br (por isso é importante identificar o depósito com o nº do C.P.F.);

3 - O Comprovante deverá ser guardado para receber o material durante o evento;

4 - A inscrição no mini-curso é facultativo. Caso deseje realizar inscrição o depósito poderá ser realizado juntamente com o valor da inscrição;

EFETUAR INSCRIÇÃO

VEJA A LISTA DE MINI-CURSOS

1. Vacinação

2. Emergências psiquiátricas

3. Biossegurança na clínica odontológica

4. Saúde e biossegurança: segurança do trabalho

5. Urgências na clínica odontológica – como se comportar

6. Sistema de informação em saúde: da alimentação à pesquisa

7. Desafios clínicos diante dos materiais restauradores disponíveis

8. Lesões do complexo buco-maxilo-facial: inter-relação patologia e cirurgia. Abordagens baseadas em evidência científica

Os Horários poderão ser conferidos na programação científica.

Avaliação das disfunções craniomandibulares em pacientes parcialmente edentados unilaterais - um estudo longitudinal sobre o efeito da utilização de

Revista de Odontologia da Universidade de São Paulo
versão impressa ISSN 0103-0663
Rev Odontol Univ São Paulo v.13 n.3 São Paulo jul./set. 1999
doi: 10.1590/S0103-06631999000300012
Prótese

Craniomandibular disorders (CMD) in unilateral edentulous subjects: a longitudinal evaluation after treatment with removable partial dentures (RPD)

Carlos GIL**
Atlas Edson Moleros NAKAMAE***


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GIL, C.; NAKAMAE, A. E. M. Avaliação das disfunções craniomandibulares em pacientes parcialmente edentados unilaterais - um estudo longitudinal sobre o efeito da utilização de prótese parcial removível (PPR). Rev Odontol Univ São Paulo, v. 13, n. 3, p. 275-282, jul./set. 1999.
O objetivo deste estudo foi comparar a severidade dos sinais e sintomas das desordens craniomandibulares em 29 pacientes edentados parciais unilaterais, submetidos a tratamento protético corretivo, acompanhados e avaliados longitudinalmente, por meio de investigação clínica, dois anos após a instalação da prótese parcial removível. Em cada um dos casos, a comparação das diferenças clínicas, antes e após os procedimentos de reconstrução protética, baseou-se na mensuração e registro das variáveis por meio da utilização de uma metodologia de testes de escores. As observações clínicas objetivas e subjetivas consistiram no exame da sensibilidade dolorosa muscular e da ATM, na auscultação dos ruídos articulares e no registro dos movimentos mandibulares (MM). Vinte e nove outros pacientes, totalmente dentados, atuaram como grupo controle. Após análise estatística não-paramétrica, conclui-se que os pacientes apresentavam uma prevalência significativamente maior na severidade das desordens craniomandibulares antes do tratamento protético e que o tratamento corretivo por meio da instalação de prótese parcial removível (PPR) bem indicada e planejada, atuou positivamente na diminuição da severidade destes distúrbios nesses pacientes.
UNITERMOS: Articulação temporomandibular; Disfunção miofascial; Prótese removível.
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INTRODUÇÃO
O papel dos sinais e sintomas clínicos nas síndromes dolorosas das desordens craniomandibulares (DCM) e a perda de dentes posteriores de um dos lados de um mesmo arco (classe II de Kennedy) têm sido investigados através de estudos clínicos6,20,26 epidemiológicos14,17,18 e histopatológicos15,16, sugerindo uma correlação entre a perda unilateral desses elementos e alterações fisiopatológicas e funcionais tanto musculares quanto da ATM propriamente dita. Esses sinais e sintomas poderão também estar associados a microtraumas crônicos (frendor e bruxismo), maloclusão, exodontias traumáticas, ortodontia mal-orientada, ocorrência de fatores parafuncionais3,10, deslocamento condilar anterior28 ou posterior27. O edentulismo parcial é, portanto, freqüentemente relacionado à destruição oclusal, que poderá resultar em desequilíbrio, interferência e alterações funcionais da oclusão, em relação ao estado original desses pacientes2,23. Tais alterações poderão, com o passar do tempo, causar as chamadas disfunções craniomandibulares, embora a etiologia dessas desordens permaneça controversa24.
Ante esta assertiva, parece não haver dúvida do efeito negativo que a ausência unilateral de dentes poderia ocasionar aos pacientes, no âmbito das alterações craniomandibulares. O tratamento protético, particularmente nestas condições, por meio da prótese parcial removível (PPR), poderia atuar como um fator positivo na minimização destas alterações, uma vez que, de maneira geral, é o método de escolha para a reabilitação da função oclusal, especialmente quando não há suporte adequado para prótese parcial fixa ou então quando formas mais caras de tratamento são obstadas por razões econômicas2,9,30.
Como a grande maioria dos autores baseou-se em investigações transversais (cross-sectional) e os estudos longitudinais são escassos19,22,29, acreditamos que investigações longitudinais adquirem grande importância pelo fato de poderem dar informações acerca de flutuações e do desenvolvimento a longo prazo de sinais e sintomas das desordens craniomandibulares (DCM). Este tipo de investigação prospectiva ajuda a alargar de maneira importante os horizontes ainda relativamente restritos dos diferentes fatores etiológicos.
Dentro deste contexto, o presente estudo tem por objetivo analisar comparativa e objetivamente, numa investigação clínica longitudinal de dois anos, o comportamento da prótese parcial removível em relação à severidade das disfunções dolorosas miofasciais e da ATM em pacientes edentados unilateralmente (classe II de Kennedy) submetidos a tratamento protético corretivo.

MATERIAL E MÉTODOS
Casuística
A população estudada (n = 58) é constituída de 44 mulheres e 14 homens, todos adultos e sintomáticos (18 a 61 anos), examinados e diagnosticados por um único investigador antes e após o tratamento protético, com um intervalo mínimo de dois anos entre os procedimentos. Os pacientes selecionados foram divididos em dois diferentes grupos, cada um com 29 indivíduos, assim caracterizados:
ae) Pacientes com ausência unilateral de dentes posteriores inferiores (classe II de Kennedy), incluindo molares e premolares, por um período mínimo de cinco anos e presença de todos os dentes no arco antagonista (superior), não tratados com PPR e numerados de 1 a 29.
ap) Todos os pacientes correspondentes ao grupo anterior (ae), reavaliados clinicamente após terem sido submetidos a tratamento corretivo por meio de preparo de boca, confecção e instalação das respectivas PPRs, transcorridos vinte e quatro meses de sua colocação e uso contínuo, e comparados estatisticamente com os dados anteriores ao tratamento protético.
b) Pacientes com a presença de todos os dentes em ambos os lados do arco e com queixa prévia de dores miofasciais ou da articulação temporomandibular. Estes pacientes foram incluídos a fim de possibilitar a comparação com as situações ae e ap, e numerados de 30 a 58.
Para efeito de análise dos dados e documentação dos casos foram estabelecidas as seguintes rotinas:
a) Identificação do paciente.
b) Exame clínico, para a obtenção do índice de disfunção (ID) através da observação de sinais visuais e sintomas dos movimentos funcionais da mandíbula (MM), auscultação de ruídos da ATM (AT) e palpação da sensibilidade dolorosa na região da ATM12,13 e para a obtenção do Índice de Palpação (IP), abrangendo por palpação a análise dos sintomas de sensibilidade dos músculos extra-orais (ME), intra-orais (MI) e cervicais (MC)12.
A técnica utilizada para a auscultação dos ruídos articulares foi a proposta por FRICTON; SCHIFFMAN8 (1986), com algumas modificações12,13, e cuja finalidade é detectar ruídos na ATM com bastante precisão. Foi utilizado um estetoscópio convencional com uma peça simples de peito e sem diafragma.
Para o exame de palpação da cápsula da ATM e dos músculos, a técnica utilizada foi a proposta por SOLBERG et al.26 (1979), FRICTON; SCHIFFMAN7 (1987) e GIL12 (1995).
c) Executamos nos pacientes edentados parciais o preparo de boca para receber as respectivas próteses parciais removíveis, as quais, uma vez fundidas e prontas, foram em seguida instaladas para posterior avaliação nas mesmas condições do item b.
As respostas e observações foram avaliadas e quantificadas numericamente por meio da utilização de um sistema de escores específico, representado pelo Índice Craniomandibular (ICM), proposto originalmente por FRICTON; SCHIFFMAN7,8 com algumas modificações10,11, cujos critérios de viabilidade foram confirmados por uma correlação positiva entre o ICM e o Índice de Disfunção de Helkimo17, e que têm sido consagrados pelo uso clínico e epidemiológico, repetidamente citados na literatura por inúmeros autores como muito efetivos na determinação da gravidade dos sinais e sintomas objetivos das dores miofasciais e disfunção da articulação temporomandibular14,21,26.
O conjunto de procedimentos que reflete alterações de funcionamento na mandíbula e articulação é denominado índice de disfunção (ID) enquanto aquele que indicam a sensibilidade muscular é o chamado de índice de palpação (IP). O ICM representa a média entre o ID e o IP. Para cada resposta positiva do paciente, foi atribuído valor 1. A cada resposta negativa o valor foi 0.
O (ID) corresponde à soma total de respostas positivas no que se refere a movimentos mandibulares, ruídos articulares e sensibilidade relacionada à cápsula da articulação temporomandibular divididos pelo número total de eventos12,13, portanto:

onde
MM = Movimentos mandibulares
SA = Sons articulares
AT = Palpação da cápsula da ATM
O Índice de Palpação (IP) corresponde à soma total de respostas positivas obtidas através do exame de palpação dos músculos intra e extra-orais e do pescoço12, dividido pelo número de eventos.

onde
ME = Músculos extra-orais
MI = Músculos intra-orais
MC = Músculos Cervicais
O Índice Craniomandibular (ICM) constitui-seportanto na soma dos índices de disfunção (ID) e de palpação (IP) divididos por dois.

A pontuação do Índice Craniomandibular (ICM) e suas subescalas consideradas encontram-se no Quadro 1.



Método estatístico para análise dos resultados
Para a análise dos resultados, são utilizados testes não-paramétricos, em função da natureza das distribuições dos valores das variáveis estudadas ou da variabilidade dessas medidas. Serão aplicados os seguintes testes:
1. Análise de variância por postos de Kruskal-Wallis, para comparar os grupos em relação aos valores das variáveis não-paramétricas consideradas.
2. Teste não-paramétrico de Mann-Whitney, para análise de variância entre duas amostras independentes (não-pareadas), comparando cada grupo (tipo de arco) entre si.
Para todos os testes é fixada em 0,05 ou 5% (p < kw =" 5.734,"> 0,05).
Na Tabela 5, constata-se que a variação da severidade das alterações específicas em nível de articulação temporomandibular, expressa por meio do ID, é bastante significativa entre os grupos estudados. A análise de variância não-paramétrica, por postos de Kruskal-Wallis, mostrou que para {ae x b x ap}, KW = 12.803 e p < kw =" 21.889," kw =" 12.803"> 0,05. Podemos observar ainda que nem todos os resultados são exatamente coincidentes na comparação entre os grupos, assim, na Tabela 1, que mostra os escores dos movimentos mandibulares (MM), e na Tabela 3, que reflete os escores das dores na cápsula da ATM (AT), houve diferenças de significância estatística entre os grupos ae e ap ao nível de 5% , mostrando que, antes e após o tratamento dos pacientes por meio da reabilitação com PPR, estes fatores, embora interferissem, o fizeram de forma menos significativa na severidade do ID do que os escores para ruídos articulares (SA), Tabela 2, onde ae versus ap (antes e após o tratamento) foi extremamente significante (nível de 1% e, portanto, p < 0,01), mostrando que os resultados do tratamento em relação a ruídos articulares foi bastante positivo, corroborando estudos anteriores1,12. O fato que podemos inferir, finalmente, neste aspecto, é o de que para todos os parâmetros comparados até aqui (MM, SA, AT e ID) não foi encontrada qualquer diferença significante entre os grupos ap, resultado final do tratamento com PPR, e b, dentados totais, indicando uma ação positiva das PPRs na diminuição do grau de severidade das alterações craniomandibulares. Estas observações indicam que a mensuração do índice de disfunção (ID) pode ser um bom indicativo do grau de gravidade das alterações específicas da ATM, permitindo estabelecer parâmetros para a análise de eventuais sucessos ou fracassos durante ou após diferentes tratamentos das disfunções da ATM. Estas observações nos pareceram lógicas, considerando a interação entre as diferentes partes funcionais do sistema mastigatório e vêm ao encontro daquelas encontradas por outros autores7,8,21,22,29.
O índice de palpação (IP) inclui os itens que refletem a sensibilidade dolorosa dos músculos de palpação externa (ME), palpação interna (MI) e dos músculos cervicais (MC) e representa a soma total de respostas positivas de 36 procedimentos e, quando utilizado isoladamente, é uma boa medida para diagnósticos específicos da hiperatividade muscular. As teorias atuais relacionadas à dor muscular são associadas, em grande parte, ao conceito de síndrome da disfunção dolorosa miofascial (MPDS), proposta por LASKIN20 em (1969). As bases teóricas que procuram explicar hiperatividade muscular baseiam-se em estudos desenvolvidos em três diferentes áreas: a) indução de dor, semelhante à da disfunção dolorosa miofascial em pacientes assintomáticos, através de contração muscular sustentada4,5; b) estudos eletromiográficos (EMG) que constataram elevada atividade dos músculos mastigatórios em pacientes com queixa de dores faciais ou desconforto muscular19; e c) estudos de indução de stress, em situações experimentais, monitorizando as modificações fisiológicas de eventuais dores faciais da amostragem6,20,21. De qualquer forma, a sensibilidade difusa ou a presença de hipersensibilidade nos músculos da mastigação são indicativos de atividade muscular anormal e de eventual inflamação muscular ou de tecidos faciais.
A Tabela 4 mostra que houve diferença quase significante entre os três grupos estudados com relação ao IP (p = 0,0563). A explicação para este fato parece relacionar-se com um fenômeno que provavelmente acorre no interior dos músculos de cada hemiarco. Na avaliação bilateral, a somação dos espasmos nos músculos elevadores sofre uma ação compensatória, podendo haver uma diminuição proporcional dos escores de sensibilidade de um dos hemiarcos em detrimento do aumento da dor do hemiarco contralateral. Nossa pesquisa, em particular, permitiu concluir que, uma vez ocorrida a perda unilateral dos dentes posteriores, os músculos elevadores do lado da dentição intacta funcionam na sua extensão normal, enquanto os do lado edentado sofrem uma hipercontração com um aumento da pressão interna residual, devida à provável maior quantidade de fluido intersticial em função da permeabilidade capilar, aspectos corroborados por inúmeros outros trabalhos4,5,6,19.
Os dados referentes ao índice craniomandibular (ICM) encontram-se na Tabela 6 e representam a média entre o IP e o ID (Tabelas 4 e 5, respectivamente). O ICM permite acompanhar os resultados dos tratamentos programados, caracterizando sua maior ou menor severidade. Quando analisado conjuntamente com o ID e IP, torna possível estabelecer a diferenciação no diagnóstico entre a disfunção dolorosa miofascial e a disfunção dolorosa da ATM.
Os resultados da comparação do índice craniomandibular (ICM) entre os pacientes do grupo ae, edentados parciais ainda não tratados e ap, os mesmos pacientes após o tratamento protético corretivo, e os do grupo controle b mostraram diferenças significantes no que diz respeito à severidade dos sinais e sintomas das desordens craniomandibulares (p < 0,01) e na verdade refletem os resultados obtidos em relação às subescalas e escalas do ICM (Tabelas 1, 2 e 3). Estes achados corroboram a constatação de inúmeros autores de que a possível reposição dos elementos perdidos, por meio da instalação de uma PPR, poderia levar a uma redução significativa da severidade desses distúrbios1,22,23,30, numa concordância ampla com os resultados por nós obtidos. Um possível fator impeditivo do agravamento da severidade poderia estar relacionado com a extensão da perda posterior de dentes (espaço protético), pois a eventual permanência de segundos pré-molares ou a reposição dos elementos faltantes poderiam atuar como fatores que proveriam uma estabilidade mandibular relativamente suficiente, evitando com isto o eventual aparecimento de sintomas de disfunção ou a diminuição da severidade desses distúrbios craniomandibulares, aspecto este confirmado, em parte, pelo caráter longitudinal deste trabalho. Esta última constatação deste estudo vem a propósito da observaçâo de que alguns autores, embora tenham encontrado dados que não estabelecem uma correlação nítida entre ausência de dentes posteriores e conseqüentes desordens craniomandibulares23,30, advertem que estes estudos deveriam ser confirmados através de trabalhos com amostragens longitudinais para eventual confirmação ou não dos resultados obtidos. Neste sentido, os resultados parecem demonstrar claramente que a reposição dos dentes posteriores ausentes por meio de uma PPR tem comportamento semelhante àqueles com a presença de dentes naturais, sugerindo que a ação terapêutica obtida pela instalação da prótese diminuiu a incidência de ruídos e da sensibilidade dolorosa da ATM, levando-os possivelmente a níveis existentes antes da perda dos dentes posteriores. Nossos dados reforçaram o conceito da importância de um diagnóstico preciso, precedido de um exame clínico minucioso, que abranja o maior número possível de fatores, no sentido da prevenção e tratamento das desordens craniomandibulares (DCM). O correto emprego da prótese parcial removível, como elemento reparador, poderá, a nosso ver, diminuir significativamente a incidência e prevalência das disfunções miofasciais e da ATM em pacientes edentados unilaterais, correspondentes à classe II de Kennedy.

CONCLUSÕES
1. Os resultados permitiram constatar que a instalação de PPR em pacientes edentados unilaterais diminuiu a prevalência dos sinais e sintomas disfuncionais de desordens craniomandibulares;
2. O exame clínico minucioso, o correto planejamento e a indicação adequada da PPR são fatores fundamentais na obtenção do sucesso no tratamento.


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GIL, C.; NAKAMAE, A. E. M. Craniomandibular disorders (cmd) in unilateral edentulous subjects: a longitudinal evaluation after treatment with removable partial dentures (rpd). Rev Odontol Univ São Paulo, v. 13, n. 3, p. 275-282, jul./set. 1999.
This study was performed to compare the severity of Craniomandibular Disorder's (CMD), signs and symptoms in 29 subjects with shortened dental arches (SDA), who required prosthodontic treatment and were followed and longitudinally evaluated for two years after the removable partial denture (RPDs) treatment. In each case, to measure and compare differences before and after reconstruction procedures, the degree of severity of CMD was checked on a score basis methodology, following clinical history, muscular and temporomandibular joint (TMJ) sensibility examination, clicking and mandibular movements (MM) registration. Twenty-nine other subjects acted as a control group. After non parametric statistical analysis it was concluded that subjects had a significant higher CMD severity prevalence before RPD treatment and that an adequate indication and treatment with RPD acts positively, resulting in a decline in the prevalence of these disorders.
UNITERMS: Temporomandibular dysfunction; Craniomandibular disorder; Removable partial dentures; Facial dysfunction.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Recebido para publicação em 07/04/99
Enviado para reformulação em 13/05/99
Aceito para publicação em 25/08/99

Cárie tipo mamadeira e a importância da promoção de saúde bucal em crianças de 0 a 4 anos

Revista de Odontologia da Universidade de São Paulo

versão impressa ISSN 0103-0663

Rev Odontol Univ São Paulo v.13 n.3 São Paulo jul./set. 1999

doi: 10.1590/S0103-06631999000300016

Odontopediatria

Nursing caries and the importance of oral health promotion of 0 to 4 year-old children

Bárbara de Carvalho RAMOS*
Lucianne Cople MAIA**

RAMOS, B. C.; MAIA, L. C. Cárie tipo mamadeira e a importância da promoção de saúde bucal em crianças de 0 a 4 anos. Rev Odontol Univ São Paulo, v. 13, n. 3, p. 303-311, jul./set. 1999.

A Odontologia infantil em sua visão educativo-preventiva foi tema do presente estudo, em que coube aos autores desenvolver o assunto cárie tipo mamadeira, sua etiologia e a importância do leite no desenvolvimento de cáries em crianças de 0 a 4 anos, da transmissibilidade e do papel dos pais na alimentação e no controle de placa. Logrou-se ênfase também ao fato de a promoção de saúde estar inserida na função sócio-educativa e política da profissão odontológica.

UNITERMOS: Saúde bucal; Alimentação artificial; Cárie dentária; Odontologia preventiva.


INTRODUÇÃO

Sabe-se atualmente que a prevalência de cárie nas populações, em geral, tem apresentado reduções significativas nos últimos anos, na maioria das faixas etárias estudadas. Entretanto, os índices de cárie tipo mamadeira, ainda vigentes, representam um importante indicador da precária saúde oral em crianças de 0 a 4 anos de idade. Tal fato vem contribuindo para o aumento do risco e progressão da doença em idades subseqüentes.

O papel dos dentistas dentro do contexto de saúde oral da população infantil é de suma importância, uma vez que estes profissionais detêm amplo conhecimento a respeito dos fatores etiológicos, meios de prevenção e controle das doenças bucais.

A disseminação desses conhecimentos, objetivando a promoção de saúde da população, portanto, representa a principal meta educacional a ser alcançada, fato que deve ser iniciado o mais precocemente possível, através da orientação às gestantes e às mães de recém-nascidos, já que estas passam a ser o principal agente para o desenvolvimento de hábitos em seus filhos.

Neste sentido, o presente trabalho tem por objetivo fazer uma breve revisão de literatura sobre fatores etiológicos da cárie tipo mamadeira, bem como analisar necessidades e possibilidades de promoção de saúde oral em crianças de 0 a 4 anos de idade, reavaliando a importância da inter-relação pediatra e odontopediatra na educação em saúde de pais de pacientes infantis.

REVISÃO DA LITERATURA

1. Cárie tipo mamadeira

A cárie tipo mamadeira tem sido chamada por vários nomes que denominam uma doença aguda que afeta crianças em seu primeiro ano de vida28. BERKOWITZ et al.4 (1984) vão além, associando-a com a alimentação prolongada através da mamadeira após os 12 meses de idade. De acordo com RIPA24 (1988), pode ser considerada uma forma específica de cárie rampante nos primeiros dentes de bebês, cuja prevalência não ultrapassa os 5%25.

Os incisivos superiores são os dentes mais severamente afetados, uma vez que são os primeiros a erupcionar na cavidade bucal e estão estrategicamente mais expostos ao meio envolvido no processo de iniciação e progressão da cárie durante a amamentação20.

Seu critério clínico de diagnóstico deve levar em consideração o número de dentes cariados, o padrão de cárie vestibular/lingual e o histórico positivo de hábitos deletérios23. Uma característica-chave da cárie tipo mamadeira é a usual ausência de cárie nos incisivos inferiores, que diferencia esta condição das cáries rampantes5,10,11, 24.

Quanto mais velha for a criança na sua primeira consulta odontológica, provavelmente mais severas serão as lesões. E, se à idade da criança estiverem associados fatores tais como erupção precoce dos dentes decíduos e longa duração do hábito de amamentação, maiores serão os danos encontrados24.

O tratamento de crianças com cárie tipo mamadeira depende da extensão das lesões, da idade, do nível comportamental da criança e do grau de cooperação dos pais, levando-se em consideração o fator causal do distúrbio na tentativa de sua identificação e eliminação25.

1.1 Etiologia

Todas as lesões cariosas, incluindo aquelas associadas à cárie tipo mamadeira, resultam da interação de três variáveis: microrganismo patogênico na boca; carboidratos fermentáveis que os microrganismos metabolizem em ácidos orgânicos; e superfícies dentárias suscetíveis à dissolução ácida. Para que as lesões progridam e sejam clinicamente diagnosticadas, essas três variáveis devem interagir num período de tempo apropriado24.

A amamentação noturna age diretamente nesses fatores etiológicos da cárie dentária: hospedeiro (contato com os dentes); microflora (campo ideal para o desenvolvimento); substrato (cariogênico); e tempo (longa permanência)27.

A severidade das lesões é comparada ao padrão de alimentação do bebê, que pode ser atribuída à estagnação de leite, fórmulas contendo leite e agentes adocicados em contato com os dentes durante o período de sono. Geralmente esse hábito é estimulado pelos pais devido ao efeito calmante que ele determina na criança e, muitas vezes, também pelo desconhecimento das conseqüências destrutivas sobre os dentes que a prática pode gerar11,24.

De acordo com RIPA24 (1989), o leite não pode ser considerado o único substrato orgânico para a fermentação bacteriana, devendo outros líquidos, como sucos de frutas (que contêm frutose e são naturalmente ácidos) e bebidas carbonatadas (com sacarose e baixo pH) ser levados em consideração e evitados, uma vez que existe uma correlação entre seu alto consumo e o desenvolvimento de lesões cariosas24.

A dominância dos Streptococcus do grupo mutans determina o processo cariogênico. Logo, para prevenir as cáries, faz-se necessário retardar a transmissão desses microrganismos e evitar a proliferação dos Streptococcus do grupo mutans, reduzindo assim a possibilidade de contagens microbianas acima daquelas consideradas naturais na saliva23.

O tempo, aliado à freqüência de utilização da mamadeira e à quantidade de líquido, mostra-se relevante no desenvolvimento da doença, haja vista que a duração dos hábitos nocivos pode afetar não somente a severidade das lesões como também o número de dentes envolvidos. Já a alta freqüência do hábito pode influenciar tanto a iniciação quanto a progressão da lesão, já que o contato com o substrato tem um papel majoritário na progressão da doença24.

No trabalho de DI REIS; MOREIRA9 (1995), em crianças que apresentaram mais de um fator de risco à cárie, observou-se a necessidade de orientação dos pais, desde os primeiros meses de vida dos seus filhos. Ainda neste trabalho, os autores concluíram que, para se garantir uma efetiva redução do risco de cárie, é de extrema importância o tempo de acompanhamento da criança e que a idade oportuna para início da atenção odontológica é de 0 a 12 meses ¾ quando os fatores determinantes da doença começam a se instalar.

Embora existam outros fatores (nascimento prematuro, doença sistêmica, contato prévio com fluoreto) que possam estar envolvidos com a iniciação e a progressão da cárie em crianças pequenas, o hábito de amamentação noturna se apresenta como o principal agente relacionado à evolução do distúrbio. Fatores contributórios como hereditariedade e dieta também devem ser considerados na progressão da doença19.

1.2 Utilização de leite x cárie tipo mamadeira

O líquido mais utilizado nas mamadeiras é o leite, e as crianças com cárie tipo mamadeira demonstraram ter hábitos prolongados de alimentação através da mamadeira ou peito8.

O leite é um alimento natural bastante utilizado por conter vários minerais essenciais, vitaminas, gorduras, proteínas e carboidratos25. Entretanto, o lento ritmo de deglutição observado durante o sono, associado ao diminuído fluxo salivar, permitem um permanente contato do leite com os dentes de bebês, favorecendo a formação de ácidos pelos microrganismos por um prolongado período. Além disso, o reduzido fluxo salivar resulta na diminuição de sua capacidade tampão e quase nenhuma remoção dos fluidos da cavidade oral, deixando claro que, mesmo em pequenas quantidades, o carboidrato presente no leite exerce um grande efeito na cariogenicidade do produto11.

O que deu suporte à teoria básica do mecanismo para a ocorrência de cáries tipo mamadeira (e em parte à conclusão de WALTER et al.27, 1996, de que as cáries exclusivas do aleitamento materno são as menos graves e extensas) foi que, apesar de o volume de leite obtido do peito ou da mamadeira ser similar, o seio e o mamilo ocupam maior volume na boca do bebê que o bico da mamadeira. O mamilo dentro da boca do bebê fica mais ou menos na junção dos palatos duro e mole, e o ato de sucção faz com que o leite seja depositado no palato mole: o alimento nas partes posteriores da língua e na parede da orofaringe estimula o reflexo da deglutição. Com a mamadeira, o leite se acumula na boca, em volta do dente, até o reflexo da deglutição ser estimulado, porque o bebê não consegue sugar da mamadeira leite suficiente a fim de haver prontamente a deglutição10,24,27.

Para RIPA24 (1988), o leite bovino contém altas concentrações de cálcio e fosfato e estes podem estar ligados a alguma molécula ou estar livres (sob a forma iônica), podendo contribuir para a remineralização do esmalte. Além disso, seu grande conteúdo protéico, em especial a presença da caseína (fosfoproteína), pode reduzir a dissolução do esmalte24. Entretanto, WALTER et al.27 (1996), ao compararem clinicamente o efeito do leite materno e bovino, observaram que as lesões originárias de aleitamento materno exclusivo e em baixa freqüência eram menos extensas e graves do que aquelas originadas do uso da mamadeira e outros hábitos inadequados. Os mesmos autores, contudo, ao compararem clinicamente os efeitos do leite materno e do bovino no desenvolvimento de cárie, salientaram que, embora o leite materno contenha mais lactose (o que por si só o tornaria mais cariogênico), na prática sua cariogenicidade é menor que a do leite bovino, fato que pode ser explicado considerando-se que ao leite bovino é adicionado alto conteúdo de sacarose, o que eleva seu potencial cariogênico. Além da gravidade, os diferentes tipos de amamentação propiciam diferentes prevalências de cárie, sendo que a associação de leite materno e mamadeira noturna representa maior possibilidade de gerar cárie dentária, e esta possibilidade está acima de 80%27.

1.3 Transmissibilidade

Os microrganismos responsáveis pela iniciação da cárie dental podem ser transmitidos de um indivíduo para outro. A transmissão do Streptococcus do grupo mutans em bebês é geralmente feita através do contato com suas mães7,24.

Considerando-se a saliva como o principal veículo de transmissibilidade, CAUFIELD et al.7 (1993) encontraram uma associação significativa entre os níveis salivares de Streptococcus do grupo mutans maternos e o risco de infecção do bebê7. Assim, justifica-se avaliar a atividade de cárie materna antes que o bebê nasça, com a finalidade de reduzir os riscos de infecção na criança após o seu nascimento23.

Os hábitos de muitas das mães, tais como beijo na boca da criança, "limpeza" da chupeta com a língua, utilização da mesma colher, representam importantes vias pelas quais a microbiota oral materna é transferida para a boca dos bebês1.

Embora em desacordo com os achados de CAUFIELD et al.7 (1993), os resultados do estudo realizado por AALTONEN et al.1 (1994) sugerem que a exposição dos bebês aos antígenos (bactérias cariogênicas) da mãe, antes do surgimento dos primeiros dentes na cavidade oral, pode aumentar a resistência das crianças à infecção por esses patógenos, fato observado anteriormente pelos mesmos autores ao realizarem um estudo longitudinal no qual crianças com freqüentes contatos salivares com suas mães no período pré-dental tiveram significantemente mais imunoglobulinas G (anticorpos contra os Streptococcus do grupo mutans) nas idades de quatro a sete anos que crianças cujas mães evitaram tais contatos íntimos1,7.

De acordo com a pesquisa de CAUFIELD et al.7 (1993), bactérias do tipo Streptococcus do grupo mutans têm dificuldade de colonização na cavidade oral após o estabelecimento da flora antígena, uma vez que precisam competir com as bactérias que previamente colonizaram o meio ambiente bucal. Dessa forma, quanto mais tardio o contato inicial do bebê após erupção dentária com o Streptococcus do grupo mutans, mais difícil o seu estabelecimento na cavidade oral7.

2. Cuidados com o bebê

2.1 Importância materna

Para O'SULLIVAN; TINANOFF22 (1993), em alguns casos, a educação para a saúde bucal parece não se iniciar precocemente a ponto de interferir na iniciação e progressão do processo carioso em crianças. Em contrapartida, em outros casos, os pais estão cientes dos possíveis problemas que a perpetuação do hábito pode causar, porém se mostram relutantes para descontinuá-lo. Estes dados sugerem que existe uma necessidade educacional dos responsáveis pelas crianças para o controle da doença; entretanto, faz-se necessária também uma implementação do sistema preventivo-educativo vigente20.

Há um desconhecimento dos pais quanto ao período de desmame e quanto à melhor época de instituição de higiene oral8. A conduta das pessoas frente à manutenção da saúde oral é condicionada pelos conhecimentos que elas possuem sobre os procedimentos mais adequados. Assim sendo, a negligência é muitas vezes resultante direta da ignorância a respeito desses procedimentos21. Logo, as cáries tipo mamadeira são fundamentalmente um problema relacionado ao desconhecimento dos pais, embora a indulgência excessiva possa contribuir sobremaneira na evolução do processo24. Ainda dentro deste contexto, pode-se dizer que, muitas vezes, a cárie representa um problema de indulgência excessiva que se perpetua mesmo quando os pais descontinuam o uso de mamadeira16.

Os pais de bebês devem ser avisados para descontinuarem a amamentação em torno dos 12 meses de idade. Em acréscimo, visando a melhora na saúde oral infantil, esforços preventivos devem ser iniciados precocemente na vida de uma criança13.

Um estudo realizado para investigar as atitudes dos pais quanto à Odontologia preventiva para crianças com menos de um ano de idade revelou que a maioria dos pais, ainda que concordasse com a importância das visitas ao dentista desde cedo, não levaram seus filhos ao dentista antes de completar um ano de idade3.

2.2 Controle da dieta

Uma dieta adequada, bem balanceada e variada, contendo todos os nutrientes necessários para o desenvolvimento infantil é, sem dúvida nenhuma, um fator de grande importância para a formação e manutenção de dentes saudáveis. A partir disso, a má utilização da mamadeira passa a ser um péssimo agente na boca do bebê: com líquidos açucarados ou não, é foco constante de contaminação28.

Apesar de a reeducação materna constituir-se na principal estratégia preventiva das cáries tipo mamadeira, este processo educativo encontra uma grande barreira, visto que é a própria mãe quem vicia a criança com maus hábitos e alimentação inadequada, sendo esta mudança de hábito o passo mais difícil de um processo educativo em relação à cárie18,24.

A orientação precoce da mãe envolve ainda a orientação nutricional para o pequeno bebê, principalmente em relação à amamentação noturna e à época de desmame23. A higiene dos dentes assim que erupcionam e a necessidade de utilização do fluoreto são condutas relevantes que devem ser levadas em consideração pelo Odontopediatra23.

Em consonância com estes dados, RIPA24 (1988) sugere que se devam enfatizar as necessidades de cuidados com o bebê através de práticas alternativas para aqueles que possuam o hábito de dormir mamando no peito ou na mamadeira. Uma dessas práticas inclui o oferecimento de uma chupeta que não seja adocicada, ou a diluição progressiva do líquido que a criança costuma tomar na mamadeira até sua completa substituição por água.

2.3 Controle de placa

O procedimento mais importante para reduzir a incidência de cárie dentária e uma das medidas preventivas de acesso mais fácil à comunidade baseiam-se no processo educativo em relação à higiene oral21, cujo objetivo genérico é limpar a boca (especialmente dentes e seus anexos). Não interessa o método a ser realizado, o importante é que nenhuma estrutura oral seja prejudicada e que dentes e anexos fiquem limpos2.

Os pais de crianças pequenas devem ser esclarecidos sobre onde, quando, com que e como limpar; dentes e gengivas devem ser limpos logo após cada mamada. Não é importante determinar um número fixo de vezes ao dia em que se deve limpá-los. O que realmente importa é que isso ocorra logo após cada ingesta. Isso passa a ser um procedimento trabalhoso para aquelas crianças que constantemente comem algo, e principalmente para aquelas que se alimentam imediatamente antes e durante o período do sono2,27.

De acordo com WALTER et al.27 (1996), devem-se limpar os dentes, boca e língua do bebê com uma fralda, gaze ou cotonete umedecidos em uma solução contendo uma colher de sopa de água oxigenada dissolvida em três colheres de água fervida. Após a erupção dos molares decíduos, pode-se fazer uso das escovas de dentes24.

A higiene oral antes de dormir é um procedimento altamente recomendável, porque este é um período de longa permanência com a boca fechada. A saliva, ficando estagnada, facilita grandemente a reprodução e o desenvolvimento bacteriano. No caso de permanecerem restos alimentares, os microrganismos terão ainda melhores condições de se desenvolver e produzir polissacarídeos extracelulares e intracelulares, além dos ácidos que formarão a lesão de cárie2,11.

Para alguns dentistas, a cárie tipo mamadeira é um problema cultural, portanto, educar para prevenir torna-se imperativo, além de mais simples e a um menor custo17.

DISCUSSÃO

Segundo RIPA24 (1988), a principal estratégia para se prevenir a cárie tipo mamadeira é alertar futuros e novos pais quanto à condição e suas causas, objetivando melhora em seus comportamentos, ficando clara a importância de programas orientados de educação e prevenção atingirem precocemente as gestantes12,24. Os autores sugerem que sejam incluídas duas visitas ao dentista como parte integrante dos exames pré-natais12,24.

Para JOHNSEN16 (1991), os pediatras podem exercer um importante papel, tanto direta quanto indiretamente, na prevenção da cárie, uma vez que são capazes de promover precocemente o aconselhamento materno quanto às práticas alimentares de seus filhos, evitando assim o surgimento da cárie tipo mamadeira. Esses profissionais também podem reconhecer pacientes com alto risco de desenvolvimento da doença19.

O reconhecimento dos hábitos prolongados de amamentação noturna a partir de um exame feito pelo médico da família e/ou pelo pediatra da criança deve ser seguido de um alerta aos pais quanto à possibilidade de desenvolvimento de complexos problemas dentários. Nestes casos também um exame da cavidade oral da criança é indicado, seja este feito mais superficialmente pelo médico ou mais direta e criteriosamente pelo dentista20.

Considerando, ainda, a precocidade das consultas de bebês aos pediatras, deve-se ter em mente que, muitas vezes, esses profissionais são os primeiros agentes de saúde a manipular as crianças, e por isso passam a ter importância fundamental, não apenas na educação mas também no reconhecimento de situações que fujam à normalidade e, principalmente, no encaminhamento precoce aos odontopediatras, fato que demonstra a importância de maior interação entre profissionais da Medicina e da Odontologia no atendimento a crianças de pouca idade.

Num estudo realizado por CARVALHO et al.6 (1996), que teve por objetivo avaliar os conhecimentos dos pediatras das cidades do Rio de Janeiro e de Petrópolis sobre doenças bucais em crianças, bem como a inter-relação Pediatria/Odontopediatria, pôde-se verificar que 91,2% dos 68 pediatras avaliados fazem exame rotineiro das arcadas dentárias das crianças, preocupando-se com os dentes e demais estruturas da cavidade oral, enquanto 77,9% se julgaram aptos a diagnosticar a doença cárie; porém, surpreendentemente, nenhum dos pediatras questionados respondeu corretamente sobre as formas de apresentação da doença, descrevendo-a apenas como cavidades ou manchas escuras. Quanto à aptidão em julgar a presença de cárie tipo mamadeira, 41,7% consideraram-se capazes de fazê-lo e, destes, apenas 3,1% responderam satisfatoriamente sobre as formas de apresentação e mecanismo de formação.

Mais recentemente, MACHADO; MEDEIROS20 (1997) observaram que cerca da metade dos médicos questionados em seu estudo ignoravam o fato de a cárie ser uma das doenças crônicas mais prevalentes na população. Em acréscimo, 58% desses profissionais consideraram o exame da cavidade bucal de exclusiva responsabilidade do odontopediatra, informação esta totalmente contrária ao bom senso, pois a maioria das crianças brasileiras pequenas fazem freqüentes visitas ao pediatra e, em contrapartida, não têm acesso ao odontopediatra.

A partir dos resultados desses estudos, pode-se verificar que os médicos, e em especial os pediatras, embora façam rotineiramente o exame oral de seus pacientes, o consideram como uma função do odontopediatra e, a despeito de se julgarem aptos a diagnosticar corretamente a cárie, não são capazes de reconhecer os estágios iniciais de desenvolvimento das lesões.

Os trabalhos supramencionados, portanto, demonstram a fragilidade do sistema ora vigente, levando-nos a crer que os pediatras precisam se conscientizar que não se encontram totalmente aptos para atuar no diagnóstico precoce de cárie, necessitando adquirir conhecimentos em saúde bucal, para que se tornem capazes de atuar com segurança e propriedade. Em acréscimo, reiteram a importância do odontopediatra dentro do contexto de saúde bucal e geral do paciente infantil, fortalecendo a crença de que se deve buscar sempre uma interação entre esses dois profissionais (pediatra e odontopediatra), para que possam agir oportunamente na busca do melhor para a criança.

Levando-se em consideração que o estado de saúde oral depende em grande parte do comportamento dos indivíduos e dos grupos durante sua existência, faz-se necessária a aplicação de medidas eficazes de educação em saúde bucal no Brasil19. Somente através desta capacitação da população para assumir a solução dos seus problemas de saúde, a partir da reflexão sobre eles, e tomando por base seus determinantes sociais, é possível desnudar a concepção medicalizante de saúde26.

Portanto, todo planejamento social executável envolve o desenvolvimento de políticas de saúde, o que não o torna um ato meramente social, mas também político, cabendo ao planejador não apenas reconhecer o seu papel dentro deste contexto, mas desenvolver sua competência política.

Sabe-se que a problemática da saúde tem cunho político, social e econômico e que os governos encontram dificuldade para saná-la. Acredita-se que em saúde bucal, bem como em saúde geral, o ótimo será o que for possível realizar dentro das condições existentes no meio.

No que diz respeito à redução da prevalência de cárie da população, é fundamental o seu reconhecimento como uma doença transmissível e, portanto, passível de prevenção e controle, desde que os elos da cadeia de transmissão sejam quebrados. Assim, torna-se mister a educação materna, por parte dos pediatras e odontopediatras, dentro de um contexto de promoção de saúde diretamente vinculado e voltado para as mudanças de concepções e valores que culminem na adoção de hábitos direcionados ao retardo da infecção primária pelos microrganismos cariogênicos, bem como para a modificação dos hábitos deletérios de amamentação noturna, utilização de sacarose e má higiene oral. É importante salientarmos que esta concepção se mostra bastante viável e parece-nos fundamental a criação de políticas de saúde que a tenham como principal meta a ser alcançada.

Para que se entenda a necessidade da criação de programas de promoção de saúde bucal, pode-se citar como exemplo a China, que, desde 1989, unindo órgãos governamentais com não-governamentais, estabeleceu um programa de saúde bucal realizado anualmente, visando informar, motivar e promover a participação da população no desenvolvimento do autocuidado dental. Como resultado do programa, houve, após três anos, um aumento de 49,2% nos níveis de conhecimento da população sobre saúde oral5.

Nos EUA, devido à importância em saúde pública da continuidade da alta prevalência de cárie em crianças de pouca idade, foi criada uma área pioneira na Universidade de Nova York, com a finalidade específica de promover saúde oral e prevenir a cárie dentária em bebês, tendo como principal filosofia a reeducação materna quanto à saúde da boca, tanto de seus filhos quanto delas próprias14.

No Brasil, existe uma grande limitação quanto à devida execução das políticas de saúde vigentes, o que dificulta, sobremaneira, a mudança de um quadro tão enraizado em termos de costumes e hábitos. Neste sentido, passa a existir a necessidade de mobilização de todo o aparato de Saúde Pública disponível para o desenvolvimento de estratégias eficazes.

Parece lícito observar que a associação de práticas educativas e preventivas pode ser a forma mais adequada para o desenvolvimento de uma consciência voltada para a modificação comportamental. A idade dos bebês com cárie tipo mamadeira e os custos do tratamento preventivo dão grande incentivo para a realização de programas nacionais de prevenção e educação dirigidos para toda a população (gestantes, pais, babás, avós e demais responsáveis pelas crianças)21,24.

Pioneiro no Brasil, Luis Walter e equipe criaram na Universidade Estadual de Londrina (Paraná) a Bebê Clínica, onde há mais de 14 anos são realizados procedimentos educativos em relação aos pais e preventivo-curativos em relação aos filhos, começando no primeiro ano de vida, por volta dos 6 meses de idade (coincidindo com a erupção dos primeiros dentes). Segundo WALTER et al.27 (1996), seus resultados têm sido tão promissores que vêm estimulando outras entidades a implementarem o mesmo programa, como a Universidade Estadual de Ponta Grossa (RS), a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (PR) e a Faculdade de Odontologia de Caxias (RJ), entre outras.

A partir do exposto, pode-se compreender que a principal medida na promoção de saúde bucal em relação à cárie dentária é que esta comece precocemente, de preferência na gravidez, com a orientação da mãe fazendo parte do pré-natal, onde ela poderia receber informações simples como, por exemplo, quando começar a limpar os dentes de seu bebê e com que idade levá-lo ao dentista pela primeira vez. Desta forma, poderiam ser evitadas a transmissão dos patógenos pela mãe, já que se trata de uma doença infecto-contagiosa e, como tal, transmissível23. Entretanto, é comum pais de crianças pequenas não levarem seus filhos ao dentista antes dos três anos de idade e desconhecerem a gravidade dos problemas dentários até que estes atinjam graus de severidade acentuado e sintomático, desconforto doloroso ou a aparência estética desagradável, pois estes parecem ser os primeiros indicadores para os pais quanto à necessidade de cuidados24.

Com o seu lema "Educar prevenindo, prevenir educando", WALTER et al.27 (1996) e seus seguidores vêm demonstrando, no Brasil, ao longo da última década, o sucesso de seu programa de educação em saúde e de atenção odontológica às crianças de pouca idade. E, ainda, dentro deste contexto de educação em saúde, o educador deve compartilhar seus conhecimentos de maneira a esclarecer e capacitar os pais de bebês para o entendimento da doença, seus mecanismos de desenvolvimento, bem como as formas de atuar na reversão do processo, caso este já tenha se estabelecido.

Assim, o cirurgião-dentista assume papel fundamental na questão, pois tem responsabilidades sociais, já que sua função na sociedade não se restringe apenas a tratar17. Desenvolver a capacidade de ensinar é grande parte de sua função quando se deseja a saúde do paciente. Contudo, isto ocupa uma posição secundária para grande parte dos profissionais da área odontológica, contribuindo para que a população continue desconhecendo ou desvalorizando as medidas preventivas que visam à manutenção da saúde da boca21.

Tanto a adequação quanto a efetividade de medidas preventivas variam durante toda a vida de uma criança, e as recomendações devem ser norteadas pelas necessidades individuais de cada ser13. De acordo com os resultados obtidos no estudo de KAWAGUSHI18 (1991), o atendimento de crianças no mínimo três vezes antes de completarem um ano e meio de idade pareceu ser o caminho mais efetivo na redução de cárie dental aos três anos de idade. Em associação, quanto maior a freqüência das consultas, mais facilidade na mudança para a melhora dos hábitos alimentares e de higiene oral.

Embora a cárie dentária vigore como uma das possíveis doenças do homem civilizado, seu aparecimento em bebês cria uma situação de extrema frustração19. Neste contexto, pode-se dizer que a doença cárie, principalmente quando acomete bebês, manifesta-se como um problema de saúde pública, e a sociedade, percebendo ou não, passa a ser grande incentivadora, uma vez que dele participa de forma em nada humanitária, o que limita o valor da saúde a um mero instrumento capitalista. Cabe, por fim, aos profissionais da área de saúde transpor as barreiras e limitações do sistema, buscando, através do processo educativo, melhores condições de saúde para a população brasileira.

CONCLUSÃO

Como ainda não há nenhum segmento da sociedade em idade adulta que tenha usufruído da Odontologia para bebês, cuja filosofia se calca na educação em saúde e prevenção precoce, não se pode avaliar o tamanho do benefício advindo desta prática, ao longo da vida do indivíduo.

A cárie tipo mamadeira é uma doença com estreita ligação com o hábito prolongado de amamentação e diretamente relacionado ao conteúdo de carboidrato fermentável presente no líquido ingerido.

Já se sabe, todavia, que, mesmo sendo praticamente impossível a não-contaminação pelo Streptococcus do grupo mutans, é perfeitamente viável não se contrair a cárie dental, o que pode ser obtido através de um contínuo processo de educação em saúde, onde a interação pediatra/odontopediatra se mostra de vital importâcia.

A idade de 0 a 4 anos, em evidência neste estudo, é fundamental para o condicionamento da criança em relação a ter uma alimentação saudável e hábitos de higiene oral adequados. Daí os pais serem tão importantes quanto os profissionais da área de saúde na educação de seus filhos, uma vez que são os pais, e em especial a mãe que amamenta, que influenciam mais na educação em saúde da criança.


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The aim of this study was to analyse the preventive and educative practice in Dentistry for infants, emphasizing the nursing caries, and mainly the parents' role in the beginning and development of this disturbance as well as their importance on their babies health care, and the social, educative and also politic importance of the dental professional on the oral health of babies.

UNITERMS: Oral health; Bottle feeding; Dental caries; Preventive dentistry.


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Recebido para publicação em 06/04/98
Enviado para reformulação em 20/11/98
Aceito para publicação em 16/03/99